A decisão de comprar um imóvel é uma das mais importantes — e também mais complexas — da vida de qualquer pessoa. E em um cenário de mudanças econômicas, inflação oscilante, juros ainda altos e incertezas políticas, a pergunta que muitos brasileiros se fazem ao final de 2025 é: vale a pena comprar agora ou é melhor esperar 2026?
Neste artigo, vamos analisar as principais tendências econômicas que impactam o mercado imobiliário, além de fatores comportamentais e estratégicos que devem ser levados em consideração antes de tomar uma decisão definitiva.
O cenário atual: o que esperar do restante de 2025
Nos últimos meses, o mercado tem apresentado sinais de estabilidade, embora os juros ainda estejam em um patamar considerado alto. A Selic encerrou 2025 em torno de 10,75% ao ano, após um ciclo de cortes iniciados em 2024. Essa redução, embora lenta, tem efeitos diretos sobre o crédito imobiliário, que segue como o principal caminho de financiamento para a maioria dos compradores.
Por outro lado, o setor da construção civil vem se mantendo aquecido, especialmente nas regiões litorâneas e metropolitanas, impulsionado por uma demanda reprimida durante os anos anteriores e pelo aumento da procura por qualidade de vida e moradia em cidades com melhor infraestrutura urbana.
O que pode mudar em 2026?
Projetar 2026 exige cautela. As eleições municipais e os desdobramentos de políticas econômicas do governo federal influenciarão diretamente as taxas de juros, o acesso ao crédito e o comportamento do mercado.
Alguns cenários possíveis para 2026 incluem:
- Nova queda na Selic, com projeções que apontam para algo em torno de 9% até o final do próximo ano.
- Estímulos ao setor imobiliário, com novas políticas públicas de habitação e incentivos fiscais para compradores e construtoras.
- Inflação mais controlada, favorecendo o poder de compra da população.
- Reprecificação de imóveis em algumas regiões, caso a demanda desacelere.
Apesar dessas possíveis melhoras, é preciso lembrar que previsões econômicas não são certezas. Muitos investidores aguardaram 2023/2024 para ver quedas nos preços que nunca aconteceram — e acabaram pagando mais caro depois.
O impacto dos juros no financiamento
Quando falamos de comprar agora ou esperar, o impacto dos juros no financiamento é um dos principais fatores para análise.
Vamos a um exemplo prático:
- Imóvel de R$ 350.000
- Financiado em 30 anos
- Entrada de R$ 70.000
- Juros anuais de 11% (cenário atual): prestação média de R$ 3.254
- Juros anuais de 9% (possível em 2026): prestação média de R$ 2.890
Neste caso, esperar por uma queda de 2 pontos percentuais nos juros pode significar uma economia de mais de R$ 130 mil ao longo do financiamento. Porém, se o preço do imóvel subir nesse mesmo período (como historicamente acontece), o ganho pode ser anulado.
Além disso, quem adquire o imóvel agora com taxa maior tem a possibilidade de refinanciar o saldo devedor futuramente, quando os juros caírem. Ou seja, não é uma decisão irreversível.
A valorização dos imóveis em áreas estratégicas
Outro ponto importante na análise é o potencial de valorização dos imóveis, principalmente em regiões litorâneas, turísticas ou em expansão urbana — como é o caso de Praia Grande (SP) e outras cidades do litoral paulista.
Imóveis próximos à orla, com infraestrutura moderna e acesso facilitado, tendem a se valorizar ano após ano. Em alguns bairros da Baixada Santista, por exemplo, a valorização chegou a 12% em 2024 e segue estável em 2025.
Esperar por uma possível baixa nos preços pode ser um erro estratégico se o imóvel que você deseja está em uma região valorizada ou com novos projetos de infraestrutura (como VLT, obras viárias ou construção de centros comerciais). Nessas áreas, o tempo joga contra o comprador.
O comportamento do consumidor pós-pandemia
Desde a pandemia, o perfil do comprador mudou. Hoje, mais do que nunca, as pessoas valorizam o bem-estar, o espaço privativo, a proximidade com a natureza e a possibilidade de home office.
Essa mudança no comportamento aqueceu o mercado de imóveis no litoral, pois muitos compradores passaram a considerar o litoral como moradia principal ou segunda residência com potencial de aluguel por temporada.
Ou seja, além da moradia, o imóvel no litoral passou a ser também um ativo financeiro estratégico, especialmente para quem busca uma fonte de renda extra com aluguel de temporada.
Comprar agora: para quem faz sentido
Para alguns perfis, a melhor decisão pode ser comprar ainda em 2025:
- Quem encontrou o imóvel ideal, com boa localização e valor justo.
- Quem dispõe de recursos para entrada e consegue boas condições de financiamento.
- Quem pretende usar o imóvel para morar ou gerar renda já no verão de 2026.
- Quem tem medo de perder boas oportunidades em regiões de alta valorização.
- Quem quer aproveitar os incentivos de final de ano, como Black Friday ou feirões.
Nesses casos, comprar agora pode ser mais vantajoso do que adiar e correr o risco de pagar mais caro depois.
Esperar 2026: quando pode ser melhor
Por outro lado, pode ser mais estratégico aguardar o próximo ano se:
- Você ainda está organizando sua vida financeira, sem pressa para comprar.
- Deseja fazer um planejamento de entrada mais robusto, com mais economia.
- Está acompanhando um mercado ainda em fase de lançamento, aguardando entregas futuras.
- Quer observar os movimentos políticos e econômicos pós-eleições municipais.
A espera pode ser aliada do comprador que busca calma, melhores taxas e está disposto a negociar com mais margem.
Conclusão
A decisão entre comprar agora ou esperar 2026 não é universal — ela depende do seu momento de vida, das suas finanças, dos seus objetivos e do tipo de imóvel que você deseja.
O mais importante é entender que o mercado imobiliário é cíclico, e as boas oportunidades aparecem tanto em momentos de alta quanto de baixa — desde que você esteja preparado para aproveitá-las.
Se você encontrou um imóvel que faz sentido para sua vida, em uma região com potencial de valorização, com preço justo e condições que cabem no seu bolso, o melhor momento pode ser agora.
Mas se ainda há dúvidas, insegurança ou falta de preparo, esperar e planejar melhor também é uma decisão inteligente.
No fim, o que define a hora certa não é o mercado — é você.